Comportamento alimentar de Dysmicoccus brevipes em duas cultivares de abacaxi
Pesquisadores procuram entender diferenças quanto à suscetibilidade a virose

O Brasil possui em torno de 66 mil hectares plantados com abacaxi em todos os estados do país, com produtividade média de 26 mil frutos por hectare [1]. Porém, há alguns entraves que interferem na produtividade, como por exemplo, a incidência de pragas, tais como a cochonilha Dysmicoccus brevipes.
No Brasil, sua ocorrência e prejuízos em abacaxizais são relatados desde 1931. Além de enfraquecer a planta por retirar a seiva, essa cochonilha é vetora de uma doença conhecida como murcha-do-abacaxizeiro, causada pelo vírus Pineapple Mealybug Wilt-Associated Vírus (PMWaV), que está presente no Brasil.
Tendo em vista as barreiras físicas e químicas usadas como defesa da planta contra os pragas, pesquisadores brasileiros verificaram as possíveis barreiras que dificultam a alimentação pela cochonilha e analisaram as diferenças na concentração de substâncias fenólicas entre duas cultivares de abacaxi, sendo uma delas altamente suscetível à cochonilha e ao PMWaV.
Foi utilizada a técnica Electrical Penetration Graphs (EPG). É um sistema formado por um circuito parcial que se completa quando um inseto insere o seu estilete na planta. Os resultados são exibidos em um gráfico e podem indicar o tecido que foi penetrado, bem como o tempo gasto em cada local. Os testes foram feitos em duas cultivares de abacaxizeiro, com 24 repetições, utilizando 24 plantas in vitro de cada cultivar e um inseto por planta.
Embora as cochonilhas alimentem-se primariamente do floema, ou seja, dos vasos condutores de seiva elaborada, somente 28% dos indivíduos atingiram esses vasos na cultivar Smooth Cayenne e 24% na cultivar Pérola. Os autores observaram que os indivíduos gastaram um tempo relativamente longo alimentando-se também do xilema. Esse achado é surpreendente pelo fato de que o xilema nada mais transporta do que água e sais minerais.
Não foram observadas diferenças significativas no comportamento alimentar da cochonilha entre as cultivares, tampouco no teor de substâncias fenólicas. Portanto, a diferença na susceptibilidade das cultivares à infecção pelo PMWaV deve-se a outro fator ou fatores que não o comportamento alimentar do inseto vetor e o teor de fenólicos.
Compreender os mecanismos por trás da diferença de suscetibilidade a fitopatógenos é crucial para os programas de melhoramento vegetal, de forma a obter cultivares naturalmente tolerantes e, assim, reduzir o impacto em campo.
Nota:
[1] Embrapa Mandioca e Fruticultura
Para saber mais:
Foto:
United States National Collection of Scale Insects Photographs (xxxx)
Veja também:
No portal e no aplicativo DefesaVegetal.Net, você encontra 56 pragas do abacaxizeiro
Tags: