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Praga aqui, comida lá
17/07/2017
Espigas afetadas pelo carvão-comum-do-milho são iguaria no México

O milho é uma das principais culturas produzidas no Brasil, a safra 2016/2017 é estimada em 87,4 milhões de toneladas e, para garantir a produtividade, é preciso realizar o monitoramento das lavouras para evitar os danos e alcançar esta projeção.
Uma doença conhecida no Brasil com ocorrência em todas as áreas produtoras de milho do país é o carvão-comum-do-milho, causada pelo fungo Ustilago maydis, que ataca a cultura e mostra sintomas em apenas sete dias. As espigas infectadas com este fungo não têm grãos, mas apresentam uma massa escura, que são as galhas contendo teliósporos, deixando o milho parecido com carvão, o que tira o valor seu comercial.
A doença, tida como secundária no Brasil até o momento, ainda não tem nenhuma forma de controle autorizada no país [1] e sabe-se que baixa umidade, estresse hídrico e altas concentrações de nitrogênio favorecem seu desenvolvimento. As formas de controle recomendadas são boas práticas agrícolas como retirada de plantas afetadas, evitar excesso de N no solo, irrigação e empalhamento adequados, rotação de culturas, monitoramento de lagartas e redução de lesões que auxiliam na infecção.
Porém, nem tudo está perdido! Se no Brasil a atenção está voltada para evitar o aumento das espigas afetadas pelo fungo, em outros lugares ele é muito apreciado e agrega valor ao milho: as espigas com galhas (mas ainda sem esporos) são alimento no México, onde é considerada uma comida refinada, chamada huitlacoche ou também de trufa mexicana. Vários elogios são feitos em relação ao valor nutricional, ao sabor e ao aroma das espigas “doentes” que chegam a custar até 50% mais que as saudáveis e são usadas para rechear quesadillas, dentre outras possibilidades.
Sendo considerado praga aqui e comida lá no México, o fungo nos mostra que a riqueza da diversidade cultural nos dá boas possibilidades de reaproveitar espigas. E aí, deu vontade de provar essa iguaria?
Nota:
[1] AGROFIT (2017)
Para saber mais:
Foto:
CIMMYT (2006)




