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Fungos contra-atacam
21/08/2017
Genes de proteínas que inibem resposta imune de plantas são transferidos de maneira horizontal

Saber reconhecer e responder a estímulos do ambiente é fundamental para a sobrevivência. Ao longo do tempo, as plantas desenvolveram um sistema imune simples, mas que possibilita o reconhecimento de sinais da presença de microrganismos e desencadeia uma cascata de transdução de sinais ativando a resposta de defesa. Porém, os patógenos adaptados secretam proteínas efetoras que, ao serem liberadas ou se associarem a um outro organismo, modificam a fisiologia do mesmo e inibem essa resposta de defesa.
Um exemplo de patógeno que tem esse tipo de comportamento é o fungo Fusarium oxysporum f. sp. cubense, causador da doença “mal do panamá” ou “murcha de fusarium”. Foi relatado no Brasil em 1930, no município de Piracicaba (SP) e atualmente está disseminado em todas as regiões do país, sendo que as variedades de banana são altamente suscetíveis ao fungo e a única planta hospedeira dessa subespécie.
Tendo em vista essas características de F. oxysporum f. sp. cubense, pesquisadores australianos avaliaram se sua virulência pode ser medida pela secreção das proteínas efetoras (14 genes SIX conhecidos) e caracterizaram a diversidade e a evolução dessas proteínas em bananas infectadas por linhagens do fungo. O estudo foi feito utilizando o sequenciamento do gene SIX em 23 linhagens de F. oxysporum f. sp. cubense e da genealogia dos genes identificados.
Os resultados mostraram que há correlação entre a raça patogênica do fungo com a variação do perfil do gene SIX. Pela topologia da árvore genealógica do gene SIX, há evidências de que seja transmitido por herança horizontal, por mecanismos como transformação, conjugação, transdução. Essa herança horizontal dos genes responsáveis pela patogenicidade do fungo contraria pressupostos anteriores e tem implicações para o aprimoramento de métodos de diagnóstico e de programas de melhoramento genético.
Contar com métodos precisos para diagnóstico para esta praga é fundamental para o Brasil, pois a linhagem TR4 de F. oxysporum f. sp. cubense é regulamentada pelo MAPA como praga quarentenária ausente.
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