Novo hospedeiro de TYLCV
Primeiro relato de TYLCV em plantações de feijão-caupi em Trindade e Tobago

O feijão-caupi ou feijão-de-corda (Vigna unguiculata) é uma das principais leguminosas cultivadas no Brasil – as regiões produtoras em destaque são Nordeste e Norte e tem se expandido para outras regiões, como a Centro-Oeste. O país é um dos maiores produtores mundiais. As áreas produtoras nacionais ocupam mais de um milhão de hectares, sendo que a safra de 2013/2014 teve uma produtividade média de 1.042 kg ha-¹.
É utilizado para consumo humano cozido, em conserva ou desidratado. Além disso, tem importância como forragem verde, feno, ensilagem, farinha para alimentação animal, adubação verde e proteção do solo. Pela sua adaptação ao clima mais seco e por ter um custo de produção mais baixo em relação ao milho e soja, tem se tornado uma alternativa para a segunda safra.
Em Trindade e Tobago, pesquisadores da Universidade das Índias Ocidentais detectaram plantas de V. unguiculata apresentando sintomas de folhas amarelas parcialmente cloróticas, curvatura ascendente das folhas e área foliar fotossintética reduzida. De acordo com a sintomatologia, coletaram 50 amostras em cinco locais (Orange Grove, Aranguez, Valencia, Toruga e Maloney) e testaram para infecção de begomovírus utilizando técnicas moleculares laboratoriais. O estudo foi realizado em 2016.
Os resultados comprovaram que se tratava do vírus Tomato yellow leaf curl virus (TYLCV). Estudos anteriores sugerem que possivelmente a fonte de infecção por TYLCV em feijão-caupi em Trindade e Tobago foi de campos de tomate através do vetor Bemisia tabaci. Esta é a primeira detecção deste vírus infectando feijão-caupi em Trindade e Tobago. Anteriormente, esta associação só havia sido relatada na China.
Ainda não há registro da presença de TYLCV no Brasil. Segundo o Observatório de Pragas Sem Fronteiras, 38 espécies de pragas agrícolas que foram introduzidas em Trindade e Tobago também foram introduzidas no Brasil. Isso gera um alerta, pois o vírus pode ser um fator limitante para a produção de feijão-caupi e, consequentemente, sua presença em lavouras pode gerar grandes impactos econômicos. É necessário que medidas de vigilância sejam estabelecidas no intuito de evitar a entrada no país de mais um organismo danoso à agricultura e à biodiversidade local.
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