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Boeremia foveata - Série especial das pragas agrícolas mais importantes que ainda não chegaram ao país
28/11/2017

O fungo Boeremia foveata, causador da gangrena-da-batata, originado na região Andina, como o nome indica, tem como principal hospedeiro a batata, mas ataca também quinoa, cevada, ervilha, cidra, beterraba e cenoura.
As culturas afetadas apresentam, após período de latência, lesões encharcadas e amolecidas, de bordas bem definidas, tom marrom a preto arroxeado, com pontos de cor rosa na superfície e, na maioria dos casos, as cavidades internas são maiores do que o sugerido pela lesão externa. Devido ao padrão de cores e os sintomas observados, o diagnóstico pode ser confundido com a podridão causada por Fusarium sp., por esta razão, a melhor forma de identificação de B. foveata é baseada em métodos moleculares.
Presente em países da Oceania, Europa, África, Ásia e América do Sul, onde a praga já foi registrada no Chile além de Colômbia e Peru que são fronteiriços com o Brasil. Sua dispersão ocorre por meio do trânsito de material vegetal infectado. Pelo fato dos tubérculos poderem apresentar uma infecção latente que não são detectadas por sintomas visuais, isso potencializa o risco de introdução da praga.
As perdas já registradas em decorrência da infecção por B. foveata variam de 20 a 60%. Para o controle da doença, em alguns locais, é permitido o uso de produtos químicos, porém, a doença também pode ser bem gerida utilizando boas práticas agrícolas durante a colheita e armazenamento, uma vez que os ferimentos em tubérculos nestas etapas predispõem à infecção. Algumas medidas são importantes para limitar o impacto da praga, como: remoção dos tubérculos danificados, não fazer colheita em solos úmidos, secagem dos tubérculos em pós colheita e a detecção precoce de B. foveata auxilia na redução da propagação da doença.
Em 2003, análises fitossanitárias de germoplasmas de batata provenientes da França foram feitas pelo Laboratório de Quarentena do Cenargen [1]. Através da identificação morfológica por microscópio foi possível confirmar a correspondência das características do fungo interceptado com as de B. foveata. Este foi o primeiro relato da interceptação deste fungo em tubérculos de batata no Brasil.
A presença da gangrena-da-batata em países vizinhos aumenta a possibilidade de introdução da doença e, apesar do histórico de uma interceptação da praga já ter sido realizada no Brasil, até o momento não existem atos normativos determinando requisitos fitossanitários ou planos de contingência relacionados à espécie.
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