Nova espécie de Potyvirus
Pesquisadores relataram uma nova espécie de Potyvirus - Cucurbit vein banding virus (CVBV) - em plantações de curcubitáceas na Argentina

Potyviridae é a maior e economicamente mais importante família de vírus de plantas, constituída por cerca de 30% dos fitovírus já descritos. Dessa família, o gênero Potyvirus é o mais estudado, tendo mais de 146 espécies caracterizadas. Algumas dessas espécies são de importância agrícola e podem ocasionar perdas significativas à produção em cultivos de alface, tomate, pimentão e curcubitáceas, por exemplo.
Os Potyvirus são transmitidos por afídeos de maneira não persistente (através da contaminação do aparelho bucal, sendo considerada um processo mecânico) e o controle do vetor é o principal método de manejo do vírus. A infecção pode ocorrer de maneira simples ou mista juntamente a outras espécies de vírus, incluindo Cucumber mosaic virus (CMV; gênero Cucumovirus), o que aumenta a gravidade dos sintomas das doenças e aumenta significativamente as perdas na produção agrícola.
Recentemente pesquisadores argentinos descobriram uma nova espécie de Potyvirus o qual denominaram provisoriamente de Cucurbit vein banding virus (CVBV). O estudo ocorreu em plantações de curcubitáceas em San Pedro, uma província de Buenos Aires. Foi feito o sequenciamento genômico completo dos isolados de CVBV.
Através de comparações sequenciais e análises filogenéticas, ficou comprovado que se tratava de uma espécie ainda não descrita pertencente ao gênero Potyvirus e com padrões de identidade semelhante aos das espécies Potato virus c (77%), Tomato necrotic stunt virus (73%) e Plum pox virus (48%). São necessários estudos mais detalhados para descrição da nova espécie.
A incidência de pragas é um fator limitante para a produção e podem gerar grandes impactos econômicos. As principais culturas de curcubitáceas são melancia, pepino, melão e abóbora. No Brasil, os maiores produtores estão concentrados na região Nordeste - representando 24% da produção nacional. O ingresso e estabelecimento de uma nova praga no país pode representar uma redução da sustentabilidade agrícola, implicando em manejo agronômico em função do potencial de dano, direto e indireto. Agravando mais por ser uma espécie que ainda não foi descrita, ou seja, que não se sabe a bioecologia da praga. Outra ponto alarmante é que de acordo com o Observatório de Pragas Sem Fronteiras, levando em consideração as espécies introduzidas no Brasil, 178 também estão presentes na Argentina, ou seja, temos um longo histórico de intercâmbio de pragas com os ‘hermanos’. Para evitar a entrada dessa nova espécie no país é necessário que medidas de vigilância sanitária sejam estabelecidas.
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