Novo vírus do tomate no Brasil
A detecção de ToALCV ocorreu em Brasília

O tomate (Solanum lycopersicum) é uma das hortaliças mais consumidas no Brasil. O país é o nono maior produtor mundial, com cerca de 64 mil hectares cultivados e a produção atinge a 4,3 milhões de toneladas. É cultivado em todos os Estados nacionais, sendo os principais produtores Goiás, Minas Gerais e São Paulo. A maior parte da produção é destinada ao consumo in natura, a minoria é utilizada como matéria prima para industrialização (extratos, pastas, molhos, sucos, entre outros).
As condições climáticas vão interferir na fitossanidade da cultura uma vez que podem favorecer o desenvolvimento de doenças, que são inúmeras e podem ser causadas por fungos, bactérias, nematoides e vírus. Entre os vírus, os Begomovirus são predominantes, afetando a produção de tomate em todo país e gerando perdas de até 100% do rendimento.
Em um campo de tomate localizado em Brasília foram observadas plantas apresentando sintomas de mosaico, ondulação foliar e necrose. Pesquisadores da Universidade de Brasília e da Embrapa coletaram 15 amostras sintomáticas e, em laboratório, fizeram análises moleculares para identificar o agente causador da doença.
Os resultados apresentaram similaridade com a espécie Tomato apical leaf curl virus (ToALCV), sendo este o primeiro relato da ocorrência do ToALCV no Brasil.
É um vírus relativamente novo para a ciência. Sua primeira descrição foi na Argentina em 2018 [1]. Normalmente, o vetor de Begomovirus é a mosca-branca (Bemisia tabaci), mas ainda não há confirmação quanto a isso para ToALCV. Por se tratar de uma espécie nova, ainda pouco se sabe também quanto a bioecologia da praga e o impacto que pode causar tanto para cultura de tomate quanto para outras culturas de importância agrícola.
A introdução de novas espécies no país pode implicar em um desequilíbrio no sistema de produção, prejudicando produtores, consumidores e a indústria, além de poder resultar no estabelecimento de medidas fitossanitárias por parte dos países importadores. O Brasil possui um acordo de harmonização de medidas fitossanitários para comércio de tomate com os países do Mercosul [2] que prevê, entre outras, as medidas para exportação de sementes. Com a detecção do novo vírus no Brasil e incerteza sobre sua prevalência no Brasil e sobre a possibilidade de transmissão através de sementes, é possível que os países importadores revisem os requisitos previstos na Instrução Normativa de forma a prevenir a disseminação do vírus.
Nota:
[2] Instrução Normativa 70/2008
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