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Nova praga do cajueiro no Brasil
29/05/2019
Primeiro relato de Cophinforma atrovirens no país

O caju (Anacardium occidentale) é uma planta nativa do Brasil. No país ocorre em maior escala no nordeste e possui grande importância socioeconômica para região. Os principais Estados produtores são Ceará, Rio Grande do Norte, Piauí, Bahia e Maranhão. Tanto a madeira como a castanha e o caju podem ser aproveitados comercialmente, mas a maior parte da receita gerada se deve à castanha-de-caju.
Diversos fatores são apontados como causa da baixa produtividade e queda da produção da cultura. Um dos motivos é que a maioria dos pomares já estão em fase de de declínio natural da produção. Além disso, a morfologia da planta inviabiliza alguns tratos culturais, incluindo a utilização de controle químico contra pragas e doenças - as principais são mosca-branca (Aleurodicus cocois), antracnose (Colletotrichum gloeosporioides) e oídio (Oidium anacardii).
Uma pesquisa realizada em um pomar de caju localizado no município de Barra do Corda (Maranhão) observou sintomas de podridão no caule e nas brotações (rebento) em aproximadamente 30% das plantas. Informações morfológicas e moleculares foram feitas para averiguar o agente patogênico.
Houve a confirmação de se tratar da espécie Cophinforma atrovirens. Em seguida, a patogenicidade foi avaliada em mudas de cajueiro e os resultados apontaram que os sintomas podem ser observados 3 dias após a inoculação, evoluindo para o apodrecimento completo e morte da brotação no 7º dia.
É o primeiro relato de C. atrovirens em plantas de cajueiro no Brasil, um fungo da família Botyosphaeriaceae que já foi relatado anteriormente causando morte e cancros em plantas lenhosas. Até então tinha distribuição conhecida na África do Sul e Tailândia e relatos de sua incidência em outras plantas, por exemplo Eucalyptus sp. (eucalipto), Pterocarpus angolensis (umbila), Anadenanthera colubrina (angico), Spondias tuberosa (umbu) e Poincinella microphylla (catingueira).
Não foram encontradas informações sobre as perdas econômicas provocadas pela praga no Brasil ou sobre a favorabilidade das condições bióticas e abióticas para sua disseminação. Seu manejo deve considerar a possibilidade de plantas nativas e ornamentais nas proximidades da área de produção atuarem como hospedeiros alternativos e fonte de inóculo para frutíferas cultivadas. O melhoramento genético visando à resistência contra a praga é uma alternativa de médio/longo prazos que deve ser estudada.
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