Nova praga da pera no Brasil
O primeiro registro de Colletotrichum nymphaeae associado à pera na América do Sul

A pereira (Pyrus sp.) é uma árvore da família Rosaceae de origem asiática. Os países que mais produzem pera são China, Estados Unidos, Argentina, e Itália. A produtividade brasileira é pequena e irregular, sendo o país que mais importa a fruta e tem como os principais fornecedores a Argentina, Portugal, Espanha e Estados Unidos. Rio Grande do Sul e Santa Catarina são responsáveis pela maior parte da colheita nacional. A região sul do país concentra a maior área de produção devido suas condições climáticas favoráveis.
É uma das poucas frutíferas relevantes de clima temperado a qual a área de plantio ainda não está bem desenvolvida no país. Há diversos entraves que impedem a expansão da cultura no Brasil, como a falta de pesquisas direcionadas para aprimoramento das tecnologias de produção, falta de cultivares de alta qualidade que se adaptem às condições das diferentes regiões produtoras, baixa frutificação efetiva em áreas de plantio nacionais (ocasionada por distúrbios fisiológicos que refletem na má formação e deficiência de flores, consequentemente, menor qualidade e produtividade), assim como a incidência de pragas e doenças em campo.
Em pomares de peras (Pyrus pyrifolia) localizados em Campo Largo e Quatro Barras, municípios do Estado do Paraná, foram detectadas lesões em flores, frutos e pedúnculos. Nas superfícies estavam visíveis massas de conídios alaranjadas. Pesquisadores da Universidade Federal do Paraná realizaram análises filogenéticas através da genotipagem de isolados do fungo coletado das amostras das plantas sintomáticas.
De acordo com os resultados obtidos pelos testes de patogenicidade e pelas características morfológicas das colônias, os isolados foram identificados como Colletotrichum nymphaeae. Após a re-inoculação, as lesões foram observadas em 3 dias em estruturas florais, em 11 dias em pedúnculos e em 3 dias em frutos maduros feridos. Este é o primeiro relato de C. nymphaeae causando sintomas em flores, pedúnculos e frutos de pera na América do Sul.
C. nymphaeae é considerado parte do complexo de espécies de C. acutatum (compreende cerca de 30 espécies). C. acutatum é usado em sentido amplo para patógenos que causam antracnose de frutas. Tem uma grande diversidade fenotípica dentro desse grupo, havendo também diferenças nos comportamentos reprodutivos, nas preferências de hospedeiros e/ou regiões geográficas. Provavelmente isso ocorre devido a história evolutiva do organismo (pressão de seleção, processo de especiação, adaptação e comportamento). Sendo assim, conhecer a variabilidade genética de pragas e seus hábitos bioecológicos auxilia no delineamento de práticas de manejo em campo.
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