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Nova praga do eucalipto no Brasil
24/07/2019
Este é o primeiro relato de Calonectria metrosideri associado à eucalipto no mundo

Calonectria (anamorfo Cylindrocladium) é um gênero de fungos ascomicetos patógenos de plantas de climas tropicais e subtropicais, causador da doença denominada “mancha-de-Calonectria”. Cerca de 200 espécies pertencem a esse grupo. Os sintomas variam de acordo com a espécie hospedeira, mas na maioria dos casos iniciam-se com pequenas manchas arredondadas ou alongadas de coloração cinza-claro progredindo para marrom. Com a evolução da doença as lesões podem afetar todo o limbo foliar resultando na queda prematura das folhas, tanto das mais velhas como das mais jovens.
As espécies desse gênero são amplamente distribuídas em todo o mundo. No Brasil, há relatos de incidências em diversas plantas cultivadas como batata (Solanum tuberosum), soja (Glycine max), acerola (Malpighia glabra), ervilha (Pisum sativum), manga (Mangifera indica) e amendoim (Arachis hypogaea). Porém, a maioria dos casos nacionais se concentram em culturas florestais (Pinus spp., Acacia spp., Eucalyptus spp.).
Um estudo publicado recentemente na revista Plant Disease relatou um surto de queima das folhas em Eucalyptus benthamii localizado nos municípios de São Mateus do Sul (PR), Mafra (SC) e Porto União (SC). Foram observadas manchas marrons de dimensões variadas na parte inferior da copa que atingiu todas as árvores da plantação e ocasionou desfolha em mais de 50% da coroa em árvores de dois anos de idade. Folhas doentes foram coletadas e analisadas em laboratório no intuito de descobrir o agente causador.
As características das colônias e a morfologia das estruturas fúngicas indicaram se tratar do gênero Calonectria. Através das análises filogenéticas foi confirmado que os isolados pertenciam à espécie Calonectria metrosideri. Este é o primeiro registro de C. metrosideri em eucalipto no mundo.
O relato representa um alerta para viveiros que propagam eucalipto. Principalmente levando em consideração a expansão das plantações comerciais de eucalipto no Brasil (estão distribuídas em todas as regiões do território nacional, sendo mais de 7 milhões de hectares plantados [1]), as condições favoráveis no mercado florestal mundial (destinadas à produção de papel, celulose, energia renovável, recuperação de áreas degradadas, movelaria, uso farmacêutico, etc) e a importância de Calonectria como patógeno de planta, fazendo necessário o desenvolvimento de pesquisas voltadas para a biologia populacional da praga em associação com plantas de eucalipto.
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