Atualização sobre a situação do ácaro-hindu-dos-citros
Pesquisa relatou distribuição geográfica e potenciais predadores de S. hindustanicus em Roraima

O ácaro Schizotetranychus hindustanicus é uma praga quarentenária presente (PQP) no Brasil [1] originária do sudeste asiático, com distribuição restrita ao Estado de Roraima. No país sua primeira detecção foi no município de Boa Vista, em 2008. Já é sabido da sua associação em citros, coco, sorgo, nim, acácia e cinamomo.
Pomares comerciais de citros com infestações de S. hindustanicus normalmente apresentam sintomas de manchas cloróticas nas folhas e frutos que afetam o valor dos frutos comercializados in natura. Em altas infestações pode reduzir a taxa fotossintética das plantas e, consequentemente, a produção.
Um estudo publicado recentemente na Neotropical Entomology tratou sobre a atual distribuição de S. hindustanicus e potenciais predadores dessa praga e de outros ácaros que possam estar associados aos citros em Roraima. A pesquisa foi feita nos 15 municípios do estado. Em cada local foram amostrados frutos e folhas de pomares e plantas cítricas nos quintais e áreas públicas ao longo das rodovias e nas áreas urbanas.
Foram encontrados 308 ácaros associados às partes vegetais coletadas, sendo S. hindustanicus o ácaro fitófago mais abundante, seguido por Brevipalpus phoenicis. Já os predadores encontrados em maior abundância foram Amblyseius aerialis, Iphiseiodes zuluagai e Euseius concordis.
Em virtude da introdução da praga em Roraima, a comercialização de frutos cítricos deste estado para outras regiões só pode ser feita posteriormente ao tratamento pós-colheita e emissão de Certificação Fitossanitária de Origem (CFO). Esta medida visa evitar que o ácaro seja disperso através do transporte de frutos. Mas ainda assim a ampla dispersão de S. hindustanicus em Roraima aumenta os riscos dessa praga atingir outras regiões produtoras de citros do Brasil.
O país é um dos maiores produtores e exportadores mundiais de citros. Desse forma, a disseminação de S. hindustanicus pode gerar, além dos danos diretos à produção, aumento dos custos de controle e impactos ao comércio internacional de frutos cítricos frescos pela imposição de barreiras fitossanitárias internacionais. Ainda há poucas informações sobre métodos de controle do ácaro. De acordo com o Agrofit, ainda não existem acaricidas registrados no Brasil para essa praga [2].
Nota:
[1] Instrução Normativa Nº 38, de 01 de outubro de 2018
[2] Agrofit - consulta realizada em setembro/2019
Para saber mais:
Foto:
F. J. Ferragut
Veja também:
Tags: